AS PRINCIPAIS ERAS DO CONTROLE DA QUALIDADE!
Como foi mencionado semana passada, teríamos a continuação do artigo sobre As Eras da Qualidade,agora a segunda parte:
1.1
Era da Inspeção
A Era da Inspeção - Qualidade
com Foco no Produto
No final do século XVIII e
início do século XIX a Qualidade era obtida de uma forma bem diferente da
obtida hoje em dia. A atividade produtiva era artesanal e em pequena escala. Os
artesãos e artífices eram os responsáveis pela construção de qualquer produto e
por sua Qualidade final.
Com o desenvolvimento da
industrialização, e o advento da produção em massa, tornou-se necessário um
sistema baseado em inspeções, onde um ou mais atributos de um produto eram examinados,
medidos ou testados, a fim de assegurar a sua Qualidade.
Até o século XVII, as
atividades de produção de bens eram desempenhadas por artesãos.
Quase tudo era fabricado por
artesãos e artífices habilidosos ou trabalhadores experientes e aprendizes sob
a supervisão dos mestres de ofício. Produziam pequenas quantidades de cada
produto; as peças eram ajustadas umas às outras manualmente e a inspeção era feita
após os produtos prontos, para assegurar uma alta qualidade, de maneira
informal, quando feita. Um produto que funcionava bem era visto como resultado
manual da confiança nos artífices qualificados para todos os aspectos do
projeto da produção e do serviço.
O padrão de qualidade do
artesão era, em geral, muito elevado e resultava na plena satisfação do cliente.
A sua produtividade era, porém, limitada e a competição era mantida sob
controle pelas corporações de ofício. O grande segredo então do trabalho
artesanal era o preço de cada peça ou de um serviço, o que limitava o seu
acesso a uns poucos consumidores privilegiados.
Registra-se que a partir das
invenções da imprensa de tipos (séc. XV) e do tear hidráulico (séc. XVIII),
ficam demonstradas as possibilidades de mecanizar o trabalho e produzir um bem
em série. Em meados do século XVII, quando o crescimento do comércio europeu alavancou
o aumento da produção surgem às primeiras manufaturas, nas quais um proprietário,
em geral um comerciante, dava emprego a certo número de artesãos que trabalhavam
por um salário e a produção era organizada sob o princípio da divisão do trabalho.
A produção em massa seria viabilizada justamente pelos preços reduzidos por unidade
produzida, com a consequente ampliação do mercado, permitindo o acesso de pessoas
de classes mais baixas a inúmeros produtos antes escassos. As mudanças no modo
de produção iriam, também, modificar a percepção e o tratamento da qualidade.
Com a descoberta das máquinas
a vapor, a produção ganha um grande avanço essa alavancada permitiu a criação
de um novo padrão de produção. A partir de então, a velocidade da máquina
passava a impor o ritmo da produção e os locais de trabalho passavam a ser
construídos em função das necessidades impostas pelos equipamentos: era o
nascimento das fábricas. O enorme aumento da produção, os artesãos deram lugar
aos operários não especializados, que realizam as tarefas determinadas pelo
supervisor e pela gerência. O conhecimento passou a ser propriedade da empresa.
Estava criado o estágio extremo da relação capital/trabalho, o proprietário
fornecia o capital - instalações, máquina, matéria-prima e tecnologia; e o
trabalhador fornecia seu trabalho.
Nesse contexto a quantidade de
falhas, de desperdício e de acidentes do trabalho era elevada, em função das
limitações das máquinas, do despreparo dos operários e do precário desenvolvimento
das técnicas administrativas. Porém não havia preocupação em relação a este
custo, ou um levantamento de perdas, uma vez que somente se interessavam em
produzir. Com o passar do tempo então, passam a ser implantados o trabalho de
inspeção final de produto e a supervisão do trabalho – produção, surgindo um novo
contexto nas empresas.
Em 1913, Henry Ford
descobriu que se dividissem as tarefas de fabricação em pequenas operações
especializadas, poderia recrutar mão-de-obra não qualificada da região rural,
dar-lhe um pequeno treinamento e, assim, conduzir de maneira eficaz todas as
tarefas de fabricação e montagem de um automóvel.
Para coordenar as tarefas dos
operários não qualificados, foram criadas novas funções executadas por
especialistas. Surgiram assim batalhões de trabalhadores indiretos: mecânicos,
inspetores de qualidade, especialistas em reparos, além de supervisores e
engenheiros de produção.
Como o custo de inspecionar
100% das peças e componentes era proibitivo, adotaram-se técnicas de controle
da qualidade, como, por exemplo, as técnicas de amostragem.
1.2
Era da do Controle Estatístico da Qualidade
Com a ascensão da empresa
industrial e da produção massificada, tornou-se impraticável inspecionar a
totalidade de produtos que saíam aos milhares das linhas de montagem,
inviabilizando a execução da inspeção de produto a produto como na era
anterior. Razão da introdução da estatística como ferramenta da indústria. O contexto
tornou-se favorável ao surgimento do controle estatístico da qualidade (CEQ),
baseado em técnicas de amostragem. Em lugar de inspecionar todos os produtos,
passou a ser selecionado por amostragem certa quantidade. As propriedades dessa
amostra podem então ser estendidas ao lote do qual foram extraídas.
O pioneiro da aplicação da
estatística ao controle da qualidade foi Walter A. Shewhart, dos Laboratórios
Bell, que em 1931 publicou a obra Economic Control of Manufactured Product,
conferindo pela primeira vez um caráter científico à pesquisa.
A Segunda Guerra
Mundial consagrou o controle estatístico da qualidade através dos órgãos de
controle da qualidade, criados pela exigência dos organismos de compras das forças
armadas dos grandes potenciais mundiais. Outro importante conceito introduzido por
Shewhart foi o ciclo de melhoria contínua. Ele defendia uma abordagem
sistematizada para a solução de qualquer problema na empresa.
À medida
que as indústrias aumentavam de tamanho e de sofisticação, a responsabilidade
ela qualidade diluía-se nos diversos órgãos especializados: o departamento de
engenharia era responsável pelas especificações dos produtos e pelos critérios
de aceitação; a produção se encarregava da fabricação e a inspeção era
responsável pelos testes e verificações do produto final. Ainda é verificado no
início desta era, o enfoque também sobre o produto, como na era da inspeção.
Apesar do
envolvimento dos diversos setores das empresas na busca de qualidade em seus
produtos, faltava uma coordenação central, embora a administração superior
procurasse desempenhar esse papel.
Em 1951,
Armand V. Feigenbaum, autor da frase “a qualidade, que era um trabalho de
Todo
mundo, acabava sendo um trabalho de ninguém”, no livro Quality Control, defende
a ideia de que as empresas deveriam criar um departamento para cuidar
exclusivamente da qualidade – Departamento de Engenharia da Qualidade, tendo
como principal atribuição preparar e ajudar administrar o programa de
qualidade.
A evolução
dos conceitos não parou depois da guerra. Chamando a atenção para os problemas
que haviam surgido. Feigenbaum apresentou em 1961 uma versão evoluída das
proposições publicadas 10 anos antes, à qual deu o nome de controle da
qualidade total –TQC: Total Quality Control.
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